Como interpretar os ensinamentos de uma crise?

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Como interpretar os ensinamentos de uma crise?

Como podemos interpretar os ensinamentos de uma crise, se não conseguimos entender o que nos acontece no dia-a-dia de nossas vidas e que nos leva a distanciarmo-nos mesmo daqueles que estão muito perto de nós?

Me lembro de quando era criança, de haver mais gentileza entre as famílias. Naquela época, todas as amigas da mãe eram tias e todos os amigos do pai eram tios. Assim, estavam ali para o que desse e viesse. E todos sempre disponíveis para uma festa ou para um momento triste.

Também, o amigo do meu amigo, sem dúvida, é meu amigo e vai frequentar a minha casa. Era mais um tio e uma tia que ganhávamos. Assim, era um desconhecido que virava família, da noite para o dia.

Pensando nisso, ao tentar interpretar os ensinamentos de uma crise, me pego lembrando com muito carinho e saudade daquelas tias que sempre estavam em casa conversando e rindo com a mãe. Meu Deus, e como conversavam!

E os primos? Ah, os primos! Esses sempre grandes amigos que até hoje, embora distantes, chamamo-nos assim.  As tias agregadas eram até mais presentes que as tias, irmãs da mãe e do pai, e nós, os sobrinhos agregados, nos sentiamos muito queridos e não fazíamos a menor cerimônia frente aos sobrinhos de sangue.

O que aconteceu com essa grande família de parentes agregados?

A velocidade com que o tempo passa e que agora parece ser muito maior do que era antigamente, fez com que a distância fosse aumentando entre as pessoas e com ela, o carinho e o bem-querer diminuíssem.

Muitas famílias são amigas, porém não são mais tias e tios. Será que nós desaprendemos a nos doar plenamente?

É, porque para se formar uma família, há que se doar, há que se desprender do seu eu. A doação é necessária para atrair o próximo e fazer com que sejamos merecedores de compartilhar a sua estrutura mais divina, a sua família.

E hoje, como podemos tirar ensinamentos de uma crise?

Hoje, em meio a essa crise por causa do COVID-19, onde grande parte da população ou desdenha, ou pensa somente em si, entendi um pouco sobre como podemos tirar ensinamentos de uma crise.

No início do dia deparei-me com uma situação muito singela que mexeu comigo e me fez refletir sobre o quanto estamos distantes uns dos outros. Mais importante ainda, o quanto não nos importamos com o próximo.

Então, o que podemos tirar de ensinamentos de uma crise que nos fará ser uma pessoa melhor?

Ao entrarmos em nosso carro essa manhã, minha esposa notou um bilhete no para-brisa. Era o vizinho que recentemente mudara para o apartamento adjacente ao nosso, quem eu sequer sabia o nome, informando que estava temporariamente voltando para a sua cidade.  Informava-nos que é da área de saúde e que faz parte do grupo de emergência naquela região; mas que logo retornaria.

Nesse bilhete, com muito carinho e nos chamando de Queridos, ele deixava o seu nome, o número de seu celular e se dispunha a ajudar no que for preciso.

Com esse gesto ele se doava para a minha família e isso mexeu profundamente comigo e me fez refletir.

Refletindo…

Será que eu faria isso para um desconhecido?

Por que não fazemos mais isso para uma família desconhecida?

Por que não formamos mais famílias de agregados como antigamente?

Convido-os a avaliar essa situação e refletir sobre as questões. As respostas serão várias, tanto quanto são as diferentes realidades de cada um e de cada família, mas penso que todas terão um ponto em comum: falta atitude e sobram desculpas.

Henrique Benedetto

CEO – ACT4Growth

2 comentários em “Como interpretar os ensinamentos de uma crise?”

  1. Pingback: Venda Humanizada - ACT4Growth

  2. As suas colocações são perfeitas, e suas perguntas são excelentes. Será que esquecemos de “ser humanos”?
    A informatização, o acesso rápido à tudo e a todos, por outro lado, o distanciamento social, a ausência da preocupação com o próximo.
    Quem somos? Quais nosso valores?
    Um abraço.

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